quarta-feira, 5 de julho de 2017

ÁREA DO PRESÍDIO CENTRAL EM TROCA DE UM MODERNO PRESÍDIO



ZERO HORA 05 de julho de 2017 | N° 18889


RENATO DORNELLES


ENTREVISTA: JOSÉ VICENTE DA SILVA


“O ideal seria trocar a área do Central com a iniciativa privada por nova cadeia”




No dia em que o Piratini anunciou concurso para 6,1 mil vagas para a Brigada Militar, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros (leia nas páginas 8 e 9) , o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva (foto) esteve na Capital. Em entrevista à editoria de Segurança do Grupo RBS, criticou a atual gestão do setor. Ao avaliar o caos no sistema prisional, sugeriu medida contrária aos planos do governo estadual, que no início de 2016 chegou a anunciar pretensão de reformar o Presídio Central. Para o especialista, que já comandou a Polícia Militar de São Paulo, a área do complexo deveria ser entregue à iniciativa privada em troca da construção de uma nova e mais moderna cadeia.

Secretário na gestão de Fernando Henrique Cardoso, Silva disse ainda que o governo precisa investir em inteligência e tecnologia como alternativas mais baratas contra o crime. Ele participou ontem do lançamento de um aplicativo para vigilância em condomínios (leia abaixo).

Qual a alternativa para frear os números da criminalidade?

É necessário principalmente trabalho conjunto entre as polícias Civil e Militar e cooperação com a população. São ações mais simples que poderão apresentar resultados mais concretos.

O governo do Estado anunciou concurso para contratação de 6,1 mil agentes de segurança pública. Aumentar o efetivo é uma saída?

Sim. Mas é preciso também investir em tecnologia. O governo pode usar a tecnologia para criar mapas do crime e colocar policiais onde é efetivamente necessário.

Como o senhor avalia as medidas que têm sido adotadas para o combate ao crime, em especial nas cidades com altos índices de criminalidade como Porto Alegre?

Em vez de chamar a Força Nacional, que custa milhões de reais e que, com raríssimas exceções, não trazem resultado algum, o governo poderia investir em medidas interessantes e baratas, como a que foi adotada em São Paulo, onde a PM montou um “banco de criminosos”, com cerca de 600 mil cadastrados. São fotos em alta resolução, com todos os dados e detalhes de cada um, como tatuagens. Cada vez que um deles é preso, a polícia já tem acesso à ficha completa.

O senhor defende também a participação da população em medidas contra a insegurança. Como isso pode ser feito?

Um exemplo é o que ocorre nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde grupos de moradores, com medidas simples, como avisar os vizinhos quando viajam de férias para monitorar qualquer situação anormal na sua residência nesse período, auxiliam as polícias.

Aqui no Brasil, há algum exemplo concreto?


Em Recife (PE), com treinamento de porteiros de condomínios, foi possível reduzir os crimes em 70%. Eles ajudam a identificar veículos e pessoas suspeitas.

E para o caos no sistema penitenciário, há alguma saída?

Há o que possa ser feito. Para o Presídio Central aqui de Porto Alegre, por exemplo. O ideal seria aproveitar a grande área disponível e sua consequente valorização para trocá-la com a iniciativa privada, que se encarregaria de construir uma nova prisão, em condições bem melhores, em outro local.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Presídios deveria ser construídos para atender a finalidade da pena e os objetivos da execução penal, e não apenas para isolar o criminoso, depositar o preso, entregar para o aliciamento de uma facção ou deixar o acusado à disposição da justiça por longo tempo. O Central já deveria ter sido implodido e passado para a iniciativa privada em troca de um Presídio de Segurança Máxima construído numa área rural longe de aglomerados humanos, estruturado e capacitado para garantir o controle, manter total segurança, oferecer radiais de trabalho interno e dotado de todas as condições dignas à pessoa presa limitadas em seus direitos. Manter o Central é provar que o Estado é violador dos direitos humanos e fomentador do crime. Concordo com as ideias do colega Vicente, mas ele precisar aprimorar seu conhecimento e experiência para uma visão sistêmica de justiça criminal.





Nenhum comentário: