terça-feira, 31 de maio de 2011

PRESÍDIO MILITAR


PRESÍDIO MILITAR DE SAO PAULO 0 Presídio Militar "Romão Gomes".

Inaugurado no dia 21 de Abril de 1949, provisoriamente na Invernada do Barro Branco, ficando subordinado ao Contingente do Quartel General; seu primeiro Comandante foi o Primeiro Tenente Yolando Prado. Suas instalações iniciais eram precárias por demais, sendo que foi instalado em dois barracões que serviam como depósito de alfafa ao destacamento de cavalaria do C.I.M. (Centro de Instrução Militar). Posteriormente, foi transferido para a casa que serviu como moradia dos Comandantes do CFA (Centro de Formação e Aperfeiçoamento, hoje APMBB - Academia de Policia Militar do Barro Branco). Como as acomodações eram precárias, criou-se no Regimento de Cavalaria nove de Julho, xadrezes destinados à Subseção Correcional.
Unidade Administrativa

Passou a funcionar como unidade administrativa autônoma a partir de 15 de Janeiro de 1952, sendo que em 18 de Agosto de 1954, foi oficializado pelo decreto nº 28.653. Desde sua fundação, funcionou como unidade autônoma, subordinada administrativamente ao Comando Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo e juridicamente ao Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo. Foi criado com o nome de Presídio Militar "Romão Gomes" no tempo da Força Pública do Estado de São Paulo e ainda por alguns anos manteve o seu nome, depois da unificação no ano de 1969, entre a Força Pública do Estado de São Paulo e Guarda Civil, resultando a Polícia Militar do Estado de São Paulo. Em 15 de Dezembro de 1975, surge o decreto nº 7.290, mudando seu nome para: Presídio da Polícia Militar "Romão Gomes".

OFICINAS

• Mecânica e Auto-Eletríco
• Funilaria e Pintura
• Marcenaria e Carpintaria
• Agricultura
• Agropecuária
• Eletroeletrônicos
• Lava-Rápido
• Tapeçaria de Autos e Geral
• Barbearia
• Serralheria
• Alfaitaria
• Gráfica
• Fábrica de Casinha de Cachorros
• Empresa de Digitação



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SEMIABERTO CHEIO DE CELULARES



Mais de 100 celulares são apreendidos no Instituto Penal de Viamão. Agentes da Susepe também localizaram um carro roubado estacionado no pátio do IPV - Luciano Nagel / Rádio Guaíba, REDE RECORD, correio do povo, 31/05/2011

A Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) apreendeu 101 celulares, além de 36 baterias, chips de telefone móvel, carregadores de bateria, 47 pedras de crack, 31 trouxinhas de maconha, quatro facas e um estilete em uma operação "pente-fino" na manhã desta terça-feira no Instituto Penal de Viamão (IPV), na região Metropolitana.

Os 80 agentes que participaram da ação, com o apoio da Brigada Militar, também apreenderam um carro roubado estacionado na frente do local. A penitenciária abriga 450 apenados do regime semiaberto.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

FUGA EM SANTA CATARINA

FLORIANÓPOLIS. Fuga em penitenciária - DIÁRIO CATARINENSE, 30/05/2011

A madrugada de sábado registrou uma nova fuga de presos no complexo Penitenciário de Florianópolis. Desta vez, três detentos escaparam do centro de triagem da instituição.

Segundo o diretor da penintenciária, Joaquim Valmor de Oliveira, um dos presos serrou o suporte do cadeado de uma das portas do pátio durante o banho de sol.

Seis presos aproveitaram o menor monitoramento da madrugada para tentar escapar derrubando a porta que teve o cadeado serrado. Durante a movimentação, Mauri Silva de Lima, Marcos Dias e Émerson Pereira foram pegos ainda dentro do complexo penitenciário. Outros três conseguiram escapar. Até o fechamento desta edição, Marcos Pablo Teixeira, Tainá Virtuoso Mafra e William Fernandes ainda não haviam sido recapturados. Esta é a terceira fuga de presos no ano no complexo penitenciário da Agronômica.

Em fevereiro, foi registrada a maior fuga da história do Estado, com 78 fugitivos, sendo que desses 70 já foram recapturados. Em 22 de abril, ocorreu a segunda fuga só neste ano, desta vez, no presídio, com oito que escaparam do local.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ESTOU NA LISTA, VOU MORRER, EU ACHO.

"Estou na lista. Vou morrer, eu acho" - DIÁRIO CATARINENSE, 27/05/2011

Preso por tráfico, O rapaz de 27 anos, que nasceu em Itajaí e cumpre pena em São Pedro, recebeu o bilhete:

— Tua cabeça vai rolar.

Não ficou calado. Avisou a direção da cadeia e foi isolado no dia seguinte.

Algemado, de chinelo de dedo e com as mãos trêmulas, ele detalha como funciona a lei lá dentro.

"Eu estou ameaçado de morte. Estou na lista, vou morrer, eu acho. Quem não adere às normas da facção ou quem adere e não se comporta, morre. Eu fiquei devendo dinheiro. Hoje querem tirar minha vida por isso. Dinheiro de uma droga que peguei aqui dentro. Rola tráfico, sim. Peguei cocaína e não consegui pagar. Aqui estou bem instalado porque estou afastado, mas não sei até quando. Recebi uma pipa (bilhete) dizendo que eu ia morrer e isso mudou meus pensamentos.

Essa facção é grande. Eles mesmos escolhem, batizam e eles mesmos matam porque o cara deixou a desejar. E eles matam porque não estão satisfeitos com a direção da cadeia. Daí pegam quem deve e unem com a revolta. Mas isso aí,não posso falar."

"Vou dormir com um olho aberto"

A dívida de rua perseguiu o jovem de 29 anos na prisão. Ele cumpre pena por tráfico e roubo, Já matou, e diz que está jurado de morte. O motivo seria uma briga que teve em liberdade.

A olheira é tão profunda quanto a cicatriz que tem na testa. Durante a conversa, o sorriso não apareceu e as palavras foram tão frias quanto as paredes da galeria.

"Eu coloquei umas cabeças (pessoas) que deviam para mim na rua, eles me roubaram lá fora e eu coloquei eles na praça (na facção) e os eles (líderes da facção) não gostaram. Eu não consegui provar que os caras me roubaram e disseram que eu faltei com transparência.

Aqui tem mais de 50 jurados pra morrer. Eles tão devendo. Faz 90 dias que não tomo sol porque não posso me encontrar com eles. Diz a direção que é por motivo de segurança, mas sol é lei. Se ficar no meio da massa (do grupo), eu morro. Eu não falo com eles e eles não falam comigo. Se nós "trombar" no corredor, a minha vida acaba ali. Sou obrigado a dormir com um olho aberto porque não sei se vou acordar vivo.

Não Faltaram avisos

No dia 11 de abril o encontro de Adélia Plucenio com o filho Morgon Manoel Plucenio, 28 anos, dois foi diferente de todos os outros. Ele sabia que ia morrer em breve. Ela sabia que não seria fácil salvá-lo. No dia 23, a confirmação: o rapaz, condenado por roubo, morrera a golpes de estoque no pátio.

Adélia Plucenio perdeu a vontade de viver. Aos 62 anos, enterrar o filho foi também o funeral da sua esperança em vê-lo fora das grades, com vida.

— Dias antes, vi meu filho bem bem rápido, numa audiência. Sentia que precisava dar um abraço nele. Quando ele me olhou, aos prantos, disse que estava jurado de morte. "Por favor", ele disse, faz alguma coisa por mim, mãe". Eu nunca vou me esquecer disso. Foi nossa despedida — conta, emocionada.

Suicídio

Morgon era viciado em cocaína e, para manter o vício, roubava. Foi preso por diversas vezes, fugiu em outras tantas. Em São Pedro, estava perto de terminar a pena. Ao saber da ameaça de morte, dona Adélia disse ter falado mais de uma vez com a juíza do caso, pediu ao Deap uma transferência, ligou várias vezes para São Pedro.

A notícia de suicídio de Diógenes Rafael Vieira, 28 anos, fez do dia 12 de abril o mais triste da vida de seu avô, Raimundo Alves Vieira, 73 anos. Ele criara o rapaz como filho, porque o pai abandonou a mãe e nunca mais foi visto. Enterrou o ex-detento com a certeza de que o rapaz não tirou a própria vida A penitenciária de São Pedro é um açougue. Ele nunca falou que ia se matar, disse que iam matar ele lá dentro. Me sinto mal por não salvá-lo. Avisei o Estado, que só me entregou o meu filho morto.

Diógenes era natural de Paulatina, no Paraná, e estava preso há dez anos por roubo. Seu Raimundo conta que o jovem tinha conseguido, em janeiro, uma transferência para uma penitenciária perto de casa. Não deu tempo.

— No dia 28 de fevereiro visitei ele bem rápido. Viajei um dia inteiro. Os agentes não deixaram muito tempo com ele. O Diógenes disse que ia me ligar, mas nunca mais ligou.

Despedida

Edson Vieira Sarnento, 36 anos, tinha uma extensa ficha criminal. Roubou várias vezes e fugiu de delegacias e presídios, até ser mandando para São Pedro de Alcântara, em 2008. Pai de quatro filhos, tinha 10 irmãos que tinha nascido em Capinzal, no Oeste do Estado. Tinha prometido à família uma vida nova após a pena. Com indulto, chegou a visitá-los, no final do ano. A alegria teve, também, tom de despedida.

— Ele falava que não tinha segurança lá dentro. Sabia que tinha inimigo. A esposa dele viu ele na terça e ele morreu no sábado. Nesta visita ele estava diferente, quieto. Não falou o que era — conta a irmã, Adriane Vieira, 31 anos.

O detento foi morto no pátio na manhã do dia 12 de fevereiro. Às 17h, a família recebeu a notícia.

A irmã conta que, até hoje, o pai da vítima chora pela morte brutal do filho. Agora, esperam por justiça.

Detentos da Penitenciária de São Pedro de Alcântara fazem denúncias sobre ameças de mortes que sofreram de outros presos. DIÁRIO CATARINENSE, 27/05/2011


DETENTOS MARCADOS PARA MORRER

Detentos da Penitenciária de São Pedro de Alcântara estão marcados para morrer. Crime organizado teria criado uma lista com 50 nomes de detentos que seriam assassinados - Alessandra Toniazzo - DIARIO CATARINENSE, 27/05/2011

Pelo menos três perguntas intrigam quem investiga as onze mortes na Penitenciária de São Pedro de Alcântara só neste ano: Que ligação tem esses crimes? Elas foram ordenadas por alguém? Qual o perfil das vítimas?

A Polícia Civil e o Departamento de Administração Penal ainda engatinham nas investigações. Uma pista pode ser a temida lista com 50 nomes, supostamente criada pelo crime organizado mas nunca encontrada, deixa presos, seus familiares e até agentes prisionais assustados. A própria direção da cadeia transferiu, desde abril, após a quinta morte, 50 detentos. Todos teriam relatado ameaças de morte.

Depoimentos de dois presos que, dizendo-se marcados para morrer, foram transferidos, também reforçam a tese de que os assassinatos não são mero acaso. Teoria confirmada por familiares de dois dos detentos assassinatos. Eles garantem: os presos sabiam que estavam marcados para morrer. A maioria, por dívida de drogas. Ou um gesto de ameaça da facção criminosa, que estaria exigindo o retorno de 21 líderes, transferidos para longe de SC. Outra hipótese para a matança: uma reação ao anunciado e cumprido corte de regalias, como redução do número de televisões e mais rigor na entrada da comida que é levada por familiares dos presos.

Na primeira vez que teve acesso à parte interna da penitenciária, o Diário Catarinense dá detalhes da maneira como os assassinatos se repetem. E mostra também o local onde quase metade dos assassinatos aconteceu.

Autores na penumbra

O inquérito das mortes de Alessandro da Veiga, Fernando Ribeiro, Diógenes Vieira, Fernanda Pinheiro, Edson Onofre e Luiz Fernando de Souza, ainda não foram concluídos pela Polícia Civil. De acordo com o delegado Carlos Passos, de São José, mesmo os concluídos estão sendo analisados para tentar descobrir se há relação entre os crimes.

— A investigação está apurando isso e qual seria a motivação dos registros. Pode ser uma facção, pode ser pontual ou uma forma de revolta — conta Passos.

O problema tem sido a dificuldade na identificação da autoria. Para o delegado, não há como saber se existe, ou não, a relação sem esta definição.

— No homicídio de Luiz Fernando, por exemplo, três presos foram trazidos à delegacia para assumir o crime, mas nenhum foi o autor. Eles não assumiram. Tinham 67 presos no pátio naquele dia. Queremos ouvir todos. A cortina do teatro da penitenciária são os muros e as notícias que sabemos aqui fora. O que queremos descobrir é o que acontece lá dentro.

O diretor da penitenciária, Carlos Alves, diz saber da existência de lideranças nos pavilhões. Estes homens, segundo eles, têm ligação com as mortes dentro da cadeia, e foram isolados. Ele percebe ligação entre os assassinatos. Mesmo que seja a rebeldia pela redução das regalias.

Não vamos dar todas as regalias que eles querem. Então, eles estão se rebelando.

Deap nega que haja líderes

Para o diretor do Deap, Adércio Velter, as mortes não estão ligadas. Ele afirma que, para o setor de inteligência da unidade de São Pedro e do Deap, apenas três mortes estão sendo ainda investigadas, seis foram concluídas e duas foram naturais. Ele defende que não existe nenhuma relação entre os crimes.

— Temos certeza que não existem lideranças que mandam matar. É apenas um acerto de contas entre inimigos que se encontram lá dentro. Estamos acabando com regalias, como o uso de cigarro, troca de compras. Reduzimos a entrada de alimentos e o tempo de visita. O que causou insatisfação, claro, mas não tem nada a ver com as mortes — garante.

As medidas são parte um novo sistema de comando da penitenciária, segundo o diretor. Ele acredita que os presos se aproveitaram desse processo para tentar desequilibrar o sistema penal.

A escada da morte

O grito de ordem para a cena começar ecoa no pátio durante o banho de sol. A frase "reunião da massa" em voz alta sai de um dos cantos do pátio. Rapidamente uma aglomeração de presos esconde a brutalidade que está por vir. É uma sentença de morte cumprida.

Dos seis assassinatos que tiverem como arma o estoque, quatro aconteceram no mesmo lugar: embaixo das escadas do pátio, onde o sistema de câmeras não chega. É um canto escuro, que, quando cercado por presos em forma de barreira humana, impede a identificação dos autores e até mesmo da vítima.

A secretaria diz ter reagido

— Aumentamos a segurança no pátio. O último preso que morreu, tiramos com vida debaixo da escada. Quando começou a agressão a segurança atuou, entrando no pátio e afastando os presos. A vítima foi levada para a enfermagem, mas não resistiu — conta o diretor.

Após a 11ª morte, a secretária da Justiça e Cidadania, Ada De Luca, esteve na prisão. Andou nos pavilhões, ouviu presos e os agentes. Saiu descontente com vários aspectos, entre eles, o sistema de câmeras. Como a secretária já havia dito ao DC no final de abril, a secretária o monitoramento eletrônico existente é deficiente, pois apresenta pontos cegos. Um deles é embaixo da escada.

Uma situação que, segundo o diretor do presídio, deve mudar em breve.

— Por que esse vão não é fechado?
— Porque existe uma porta embaixo da escada
— E essa porta não poderia ser feita em outro lugar?
— Não é tão simples. É preciso pensar na engenharia
— Então, qual a solução?
— Construir um muro, dividir o pátio e colocar câmeras.
— E quando isso será feito?
— Está no pacote de melhorias que devem ser feitas.




Contraponto - A direção da penitenciária desconhece as informações de que os detentos mortos informaram sobre as ameaças. Segundo a direção, as famílias que avisaram foram bem recebidas e tiveram os presos remanejados de celas. A comissão de direitos humanos da OAB e a Delegacia que cuida dos casos, de Forquilhinhas, informaram que os parentes das vítimas podem procurar as entidades para denunciar o descaso nas informações.

Causas das mortes: Dos 11 detentos: - 6 foram mortos; 1 por facada; 1 por enforcamento; 1 eletrocutado; 1 natural (ainda investigada); 1 violência (tipo não informado)

Das estocadas: O número de estocadas nas vítimas é entre 25 a 98. As partes mais atingidas são: peito, pescoço e costas.

Motivos das prisões: Alguns dos detentos mortos possuiam mais de uma pena; Tráfico de drogas: 6 ; Assalto/Roubo: 4; Latrocínio: 1

Penitenciária de São Pedro de Alcântara vista por dentro

A repórter Alessandra Toniazzo e o fotógrafo Charles Guerra entraram no presídio para conferir, de perto, a situação dos detentos da Penitenciária de São Pedro de Alcântara. Acompanhada pelo diretor do complexo, Carlos Alves, ela questiona sobre a série de mortes nos últimos meses.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

EUA - SUPREMA CORTE DA CALIFÓRNIA AMEAÇA SOLTAR OS PRESOS DEVIDO À SUPELOTAÇÃO


UM BASTA NA CALIFÓRNIA. Por mais espaço na prisão. Suprema Corte dos EUA decide que Estado americano tem de construir presídios ou libertar presos - SACRAMENTO, ZERO HORA 26/05/2011

A decisão é pontual, limitando-se à Califórnia – mas deve provocar repercussões em todo o mundo. A Suprema Corte dos Estados Unidos (o equivalente ao Supremo Tribunal Federal brasileiro) decidiu, por 5 votos a 4, que a Califórnia deverá reduzir o déficit de sua capacidade carcerária em 30 mil pessoas. A diferença é ainda maior: há 156 mil detentos em prisões que deveriam abrigar 88 mil pessoas, segundo dados do Estado.

Otribunal, ao mesmo tempo, ponderou que, caso não haja possibilidade de construir novas unidades ou de transferir detentos para unidades locais ou de outros Estados, os presos com menos probabilidade de reincidir devem ser postos em liberdade – a alternativa se deve à difícil situação financeira do Estado.

A decisão levou em conta o argumento segundo o qual a superlotação acaba levando as penas a se configurarem como cruéis e desumanas – e isso é vetado expressamente pela Constituição estadual. E o que levou a Justiça americana a essa conclusão foi o contato com fotos que mostram um amontoado de presos em situação definida como precária. Segundo os juízes favoráveis à decisão, a taxa de suicídio nas prisões desse Estado são 80% maiores do que a da média nacional americana.

“O limite da população carcerária estabelecido pela corte é necessário para remediar a violação dos direitos constitucionais dos prisioneiros”, diz a decisão da máxima instância judicial americana.

A resolução da Suprema Corte delega ao Estado a função de escolher os meios para reduzir a superlotação – incluindo, como opção preferencial, a construção de mais prisões. O Estado tem dois anos para implementar a medida – mas pode pedir prorrogação desse prazo, caso tenha um bom argumento.

Desde a década de 1980, nos EUA, o número de presos subiu mais de 300%, atingindo a marca de 2,5 milhões de pessoas.

O Judiciário, com essa decisão, deixa claro que o crescimento tem como barreira o respeito aos direitos humanos. No Brasil, o ritmo é parecido. Dados do Ministério da Justiça dão conta de que, em dezembro de 2010, havia no país 496 mil presos e apenas 298 mil vagas, o que mantém prisões superlotadas.

HUMBERTO TREZZI - Lá como cá

Basta analisar a decisão da Suprema Corte americana para concluir: lá como cá, é tudo muito parecido. Inclusive no tipo de medida adotada para resolver a superlotação carcerária. Na Califórnia, como aqui, o sistema penitenciário está dominado por facções criminosas. Enquanto aqui as divisões são mais por tipo de atividade (traficantes, assaltantes), lá as tensões são de fundo mais racial e geográfico. Gangues de salvadorenhos enfrentam migrantes mexicanos. Todos se atritam com os negros, que também são hostilizados por racistas da Irmandade Ariana.

Na Califórnia, como aqui, as cadeias estão abarrotadas. Aqui, no Presídio Central de Porto Alegre, o número de detentos é três vezes a capacidade. Por último, os magistrados parecem pensar da mesma forma. Na Califórnia, o juiz Anthony Kennedy defende a libertação de milhares de prisioneiros porque aquele Estado não consegue garantir “a saúde física e mental” dos prisioneiros. Em Porto Alegre, juízes da Vara de Execuções Criminais exibem o mesmo argumento para justificar alguns abrandamentos, como a progressão de regime antes do tempo previsto pela pena.

A grande diferença entre os padrões americanos e brasileiros está no número de condenados. Prova disso é a Califórnia, que tem 33 milhões de habitantes e 156 mil presos. Já o RS tem 11 milhões de habitantes (um terço da população californiana) e 30 mil detentos (cinco vezes menos que na Califórnia). A explicação é que, nos EUA, as leis são muito mais duras. E o cumprimento delas, rigoroso.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Com certeza o povo da Califórnia reagirá de forma contundente e esta decisão será revogada com o Executivo providenciando a construção de novos presídios. Mas por aqui, o povo brasileiro está adormecido, amarrado, impotente e cansado, sem forças para exigir qualquer direito.

Este recurso judicial de soltar presos ao invés de obrigar o Executivo a cumprir seus deveres na execução penal demonstra a fragilidade da justiça e prova que existe uma dependência política que impede o poder de agir contra a inércia, negligência, descaso e ilegalidades praticadas pelos mandatários do Poder Executivo.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

IMPUNE E RECLAMANDO DA SUJEIRA E CONDIÇÕES DA CELA ESPECIAL

Advogada leva comida a Pimenta Neves e reclama de sujeira em cela. CAROLINA LEAL, DE SÃO PAULO - FOLHA ONLINE, 25/05/2011

A advogada do jornalista Antônio Marco Pimenta Neves, 74, compareceu ao 2º DP (Bom Retiro), no centro de SP, na manhã desta quarta. Maria José da Costa Ferreira levou comida ao seu cliente, que havia recusado o café da manhã oferecido pela delegacia.

Ferreira levou suco, água, pão e queijo para o jornalista, que está sozinho em uma cela desde a noite de ontem. Segundo a polícia, ele não dormiu durante toda a noite e andou pela cela a maior parte do tempo.

A advogada ainda reclamou das condições de higiene encontradas na cela de Pimenta Neves. "Chega a ser trágico. Ele realmente está numa cela sozinho, mas nem um cachorro ficaria em um lugar sujo e sem higiene como o que ele está", disse Ferreira.

Ela disse também que o vaso sanitário da cela em que Pimenta Neves está não funciona e não há água.

Procurados pela reportagem, policiais da delegacia disseram que o vaso sanitário funciona, mas é diferente do instalado normalmente nas casas, pois fica no chão. Policiais disseram também que o acusado possui água disponível na cela.

Ao deixar a delegacia, a advogada afirmou ainda que vai entrar com um pedido na comarca de Ibiúna (69 km de SP), onde Pimenta Neves foi julgado, para que ele seja transferido à uma penitenciária o mais rápido possível.

De acordo com a polícia, essa transferência deve ocorrer ainda hoje, mas o local exato para onde irá ainda não foi determinado.

O CASO

Sandra foi morta em 2000, em um haras, com dois tiros --um nas costas e outro na cabeça-- disparados pelo ex-namorado, que foi diretor de Redação do jornal "O Estado de S.Paulo".

Quase 11 anos depois de cometer o crime, Pimenta Neves continua solto graças a diversos recursos propostos por sua defesa em diversos tribunais. Agora, assim que a Justiça paulista for informada, poderá emitir a ordem de prisão independentemente da publicação da decisão do Supremo. O aviso deverá ocorrer nas próximas horas.

"É chagado o momento de cumprir a pena", afirmou o ministro Celso de Mello, relator do recurso do jornalista, que contestava a condenação. "Esta não é a primeira vez que eu julgo recursos interpostos pela parte ora agravante, e isto tem sido uma constante, desde o ano de 2000. Eu entendo que realmente se impõe a imediata execução da pena, uma vez que não se pode falar em comprometimento da plenitude do direito de defesa, que se exerceu de maneira ampla, extensa e intensa".

A ministra Ellen Gracie chegou a dizer que o caso Pimenta Neves era um dos delitos mais difíceis de se explicar no exterior. "Como justificar que, num delito cometido em 2000, até hoje não cumpre pena o acusado?", afirmou, dizendo que a quantidade de recursos apresentados pela defesa do jornalista era um "exagero".

Neves não terá qualquer benefício por ter mais de 70 anos. Quem ultrapassa essa idade tem o tempo de prescrição da pena reduzido pela metade, mas como a pena do jornalista foi maior do que 12 anos, a condenação não prescreverá.

Segundo o Código Penal, quando alguém é condenado a mais de 12 anos de prisão, o tempo de prescrição é de 20 anos contabilizados a partir da condenação. No caso de Pimenta Neves, que tem mais de 70, esse tempo seria reduzido para 10 anos. Como ele foi condenado em maio de 2006, o caso só prescreveria em 2016.

Caso o jornalista consiga comprovar que tem algum problema de saúde, porém, ele poderá conseguir benefícios, como, por exemplo, a prisão domiciliar, mas isso não caberá ao STF decidir.

A Folha entrou em contato com o escritório de sua advogada, Maria José da Costa Ferreira, mas foi informada que ela está participando de reunião em Campinas (SP) e voltará no final da tarde. A reportagem deixou recado, mas não recebeu qualquer resposta até o momento.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Esta regalia deveria acabar no Brasil, assim como o cumprimento de apenas 1/6 da pena, os variados recursos e a centralização do transitado em julgado no STF que fomentam a impunidade e o descrédito na justiça e nas leis brasileiras. Crime comum deveria ter o transitado em julgado na segunda instância - no Tribunal de Justiça Estadual. E os presos diretos para o presídio segundo o nível adequado de segurança previsto para ele. Defendo que os presídios sejam designados pelo nível de segurança para separar presos perigosos dos primários e envolvidos em crimes de menor gravidade .

terça-feira, 24 de maio de 2011

FALTA DE EFETIVOS E CONDIÇÕES DE TRABALHO - AGENTES PENITENCIÁRIOS PARALISAM ATIVIDADES

Paralisação de agentes penitenciários deve suspender visitas na Modulada de Montenegro. Categoria quer chamar atenção para falta de efetivo e condições de trabalho - Renata Colombo / Rádio Guaíba, CORREIO DO POVO, 24/05/2011

A partir das 9h desta quarta-feira, os 30 agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) que atuam na Penitenciária Modulada de Montenegro paralisam as atividades. Fica mantido apenas o efetivo mínimo previsto em lei, que é de 30% nas dependências da casa prisional. A ação deve interferir nas visitas aos apenados, marcadas para iniciar no mesmo horário.

Segundo o diretor jurídico do Amapergs Sindicato, Alexandre Bobadra, meta é denunciar a falta de 2,5 mil agentes penitenciários no Estado e exigir que sejam cumpridos acordos que estabelecem data-base nas promoções da categoria e a revisão no pagamento de insalubridade.

De acordo a Amapergs, na casa prisional de Montenegro existem 30 agentes para vistoriar 1.085 presos – 36 apenados por servidor. O diretor afirmou que o estado está desrespeitando uma norma do Departamento Penitenciário Nacional, que prevê a proporção de cinco presos por agente.

O diretor jurídico explicou, ainda, que denúncias veiculadas na imprensa de que um detento da Modulada sofreu abuso sexual por parte de outro trouxeram à tona a falta de condições de trabalho e efetivo da categoria. Bobadra adiantou que a ação desta quarta-feira deve ser ampliada para outras casas prisionais. A Susepe informou que não vai se manifestar antes da paralisação.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

SEMIABERTO - UM CELULAR PARA CADA DOIS PRESOS

Vistoria encontra um celular para cada dois detentos em cadeia do regime semi-aberto. Susepe e Brigada Militar apreenderam também armas, munições e drogas em Charqueadas - radio gaucha e zero hora - 23/05/2011

Durante quase cinco horas, cerca de 80 agentes da Susepe e policiais militares apreenderam 163 celulares no Instituto Penal Escola Profissionalizantes de Charqueadas, que abriga 350 detentos do regime semi-aberto. O número é equivalente a quase um celular para cada dois apenados.

Na operação, também foram apreendidos seis revólveres e 49 munições de calibre 38, 45 armas artesanais, 164 carregadores, 84 baterias, 85 chips de celular, cinco quilos de maconha, 284 pedras de crack e nove buchas de cocaína.

domingo, 22 de maio de 2011

EFEITO PENITENCIÁRIA - ESTIGMA DE DESAGRADO E INSEGURANÇA

SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA. O efeito penitenciária. As 11 mortes registradas na cadeia neste ano criaram estigma que a desagrada moradores da cidade - PEDRO ROCKENBACH, DIARIO CATARINENSE, 22/05/2011

No alto do morro, a igreja matriz. No comércio, um restaurante, uma imobiliária, Correios, um mercado. Nessas terras de sossego, o último assassinato ocorreu há 24 anos.

Mas é justamente pelas manchetes policiais que São Pedro de Alcântara está chegando à mídia. Os 11 presos assassinados, só neste ano, dentro do complexo prisional da Grande Florianópolis que a cidade abriga, estão gerando um estigma que moradores querem reverter. A prefeitura também pede uma compensação financeira.

Desde 2003, ano de abertura do complexo, o município não é mais lembrado como primeira colônia alemã do Estado, anfitriões das festas Oktobertanz e Stammtisch. Agora, aqueles que dizem viver em São Pedro de Alcântara recebem um rótulo de quem não conhece o lugar.

– Passamos constrangimento aonde vamos. Esses dias, ao comprar móveis em uma loja da Capital, dei meu endereço. A menina logo perguntou: ‘Ah, lá do presídio, né? – reclamou a auxiliar de serviços gerais Ivonete da Silva.

Na roda de dominó no Bar do Zézo, no Restaurante do Jânio e na Barbearia do Diego, as opiniões convergem. Ao passar dos anos, os alcantarenses se acostumaram com a ideia de abrigar criminosos.

– Se os presos tivessem lá quietinhos, seria tranquilo. O ruim é que sempre ocorre alguma coisa lá dentro, vira notícia – disse Jânio.

O município, emancipado em 1994 (primeira eleição em 1996), tem histórico em alojar, desde o período que pertencia a São José, o que era recusado por outras regiões. Foi assim com o Hospital Santa Teresa, para tratar e isolar doentes de hanseníase, e o depósito de lixo hospitalar.

Como vereador de São José, em 1995, Erni Stähelin já lutava contra a construção. Hoje, no cargo de prefeito de São Pedro de Alcântara, desabafa:

– Só este ano morreram 11 lá dentro. Mas sai na imprensa como homicídio em São Pedro. Isso acabou com a autoestima do nosso povo.

Antes da construção, nos final dos anos 1990, o governo do Estado prometeu desenvolvimento para a região, principalmente asfalto nas ruas de terra esburacadas. Atualmente, até os 1,6 quilômetro que liga a entrada da penitenciária ao Bairro Santa Teresa continua em chão batido.

– Não posso falar por governos anteriores. Nossa prioridade é resolver os problemas que estamos enfrentando dentro do sistema carcerário. – disse Ada de Luca, secretária estadual de Justiça e Cidadania.

Segundo Esperidião Amin, governador de SC em 2002 (ano de inauguração), o município recebeu melhorias na educação e na agricultura.

Impacto também nos negócios

A 31 quilômetros da Capital, São Pedro de Alcântara tem cada vez menos jovens, que partem cedo para os centros urbanos em busca de mais alternativas de estudo e trabalho.

Nos últimos 10 anos, a população total caiu de 3,5 mil para 3,4 mil habitantes. Segundo o Censo 2010, que soma junto a população carcerária de 1,2 mil detentos, a população chega a 4,7 mil pessoas.

Mesmo assim, os atendimentos nas duas unidades de saúde municipais subiram de 230 mensais para 730 nos últimos cinco anos, apontam registros da Secretaria Municipal de Saúde.

– Percebemos que muitas pessoas vêm de fora. Falam que são parentes de presos, mas não são – revela a secretaria de Saúde, Isolene Hoffmann.

O atendimento aos presos também ajudou a inflar o número de consultas. Entre 15 e 20 detentos por mês usam convênios pagos pela prefeitura e serviços dos postos da cidade. Os tratamentos de ortopedia são os mais solicitados – A maioria das fraturas é resultado de violência.

O município diz bancar sozinho R$ 1, 2 milhão anuais em saúde. O governo estadual diz estar tentando uma verba federal, proveniente de um portaria criada entre os ministérios da Saúde e da Justiça.

A cadeia também ajuda a colocar São Pedro no topo dos índices de tuberculose e Aids no Estado. Isso porque a estatística epidemiológica contempla também a penitenciária.

Todos os 11 casos de tuberculose e 34 dos 39 soropositivos vêm da cadeia. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, os doentes do complexo precisam ser relacionados ao município para terem acesso à medicação.

Números ruins na saúde

A instalação do complexo penitenciário gerou impactos negativos e também positivos na economia local. Esses reflexos ocorrem principalmente no Bairro Santa Teresa, onde está a penitenciária.

No bairro, cerca de 50 familiares de detentos desembarcam diariamente para as visitas. Nos fins de semana, esse número triplica. Como o coletivo vai só até a entrada da estrada que liga ao complexo, os viajantes acabam circulando pelo comércio local. Aproveitam para fazer as refeições e comprar mantimentos para os presos.

O restaurante e mercado dos Cunha, que há 14 têm o estabelecimento ao lado do ponto de ônibus, dobrou de tamanho e adaptou-se ao novo tipo de demanda. As prateleiras oferecem praticamente só produtos com acesso permitdo aos detentos. A clientela aumentou em 90% após a abertura do complexo, em 2003.

– Tudo aqui é para atender os familiares. Se a penitenciária fechasse hoje, eu teria teria que demitir três funcionários – diz Adriana Cunha.

Mas o coméricio dos Cunha registrou queda no movimento este ano, após os 11 homicídios. Por causa das mortes, o Deap restringiu visitas.

Os crimes prejudicaram também o mercado de imóveis da cidade. Na única imobiliária de São Pedro de Alcântara, cerca de 30% dos interessados em terrenos e casas desistem ao descobrir que fica na cidade da penitenciária. Se o terreno fica no Bairro Santa Teresa, o índice é ainda maior. Uma área lá vale 30% menos.

O aposentado João Vasco desistiu.

– Eu disse pro corretor: ‘É aqui, perto da penitenciária? Nem pensar’. Pode virar uma rebelião ou fuga.

FUNCIONÁRIOS DO POVO

A realidade prisional brasileira segue sendo basicamente desconhecida. Ela é algo como um mundo à parte, com regras e valores que operam por sobre os comandos constitucionais e legais e que parecem, quase sempre, assegurar a inversão da lógica, do bom senso e dos princípios mais elementares da ética e da dignidade.

Há um grupo pequeno de pessoas que fiscalizam presídios e tomam decisões sobre a execução das penas: os promotores e juízes que atuam na execução criminal. A tarefa que lhes cabe é uma das mais exigentes. Sobre eles recai o peso de demandas infinitas por respeito e justiça. São eles que, como regra, recebem as denúncias de corrupção, que investigam graves violações de direitos, que zelam – enfim – pelo cumprimento da lei onde a regra é a perversão da própria ideia do direito. Confrontados com o absurdo, com aquilo que não cabe em palavras, e com o agravamento dos perfis delituosos promovido pela incúria do Estado e pela indiferença pública, esses profissionais trabalham quase sempre anonimamente. Quando se manifestam em público, costumam deparar com a significativa margem de incompreensão que acompanha como uma sombra a trajetória dos que lutam pela civilização.

Falo de pessoas que conhecem as pocilgas para onde mandamos aqueles que devem ser “corrigidos” pela retribuição penal; pessoas informadas dezenas de vezes da morte de presos – quase todos jovens – por insuficiência respiratória, por exemplo. O sujeito é deixado no fundo de uma galeria gravemente doente sem qualquer atenção até a “remoção urgente” para um hospital, tarde demais para que algo possa ser feito. Falo de pessoas que recebem denúncia de venda de celulares aos presos para, depois, colher o depoimento do denunciante transferido propositalmente de cela para ser currado por bandidos presos a mando de bandidos concursados interessados em proteger seu mercado criminoso.

Profissionais que podem oferecer respostas a dramas desta natureza não são técnicos ou burocratas. São agentes políticos capazes de atos de coragem cívica, são funcionários do povo que se portam como que investidos de um mandato de dignidade. É preciso ter uma energia humana extraordinária para atuar contra a correnteza do senso comum, do preconceito e da intolerância. Na execução penal em nosso Estado, já tivemos a contribuição notável de pessoas como Marco Antônio Scapini – a quem devo quase tudo o que sei sobre execução penal, além de muitas lições de humanidade. Pelo Interior, temos vários magistrados e promotores que honram a mesma tradição. Atualmente, duas pessoas simbolizam estas virtudes e representam perfeitamente os profissionais que dignificam a função pública. Refiro-me ao promotor Gilmar Bortolotto e ao juiz corregedor Sidinei José Brzuska.

Tudo o que for dito em reconhecimento ao trabalho desses legítimos funcionários do povo será insuficiente. Mesmo assim, registro neste espaço minha incondicional admiração e o faço em nome de tantos que jamais terão a oportunidade de fazê-lo.

MARCOS ROLIM, JORNALISTA - ZERO HORA 22/05/2011


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Muito boas estas observações. Ninguém conhece mais "as pocilgas para onde mandamos aqueles que devem ser “corrigidos” pela retribuição penal" do que o Marcos Rolim (marcos@rolim.com.br), pois ele, quando deputado, percorreu o Brasil para conhecer a situação prisional. Entretanto, que frutos colheu com a "anamnese" realizada? E isto me deprime, como me deprimem tantos outros diagnósticos, comprovações, entrevistas, notícias e observações de autoridade sobre a questão prisional brasileira.

Não posso concordar com os elogios dados ao promotor e ao juiz de execução penal. Ambos conheceram as condições dos presídios, mostram a mesma indignação, fizeram relatório, criticaram pela mídia e até tentaram "constranger" o poder político soltando os presos para o terror do cidadão de bem. Tudo isto não teve força para mudar a situação ou "convencer" o governante a cumprir leis e decisão judicial.

Que motivos impedem o MP e o Poder Judiciário de serem mais respeitados e coativo para obrigar o Governador a aplicar a política prisional prevista na constituição, cumprir direitos e deveres e construir presídios mais humanos? Será que estes dois poderes sofrem forte influência política que os tornam incapacitados para se indispor com eles?

sábado, 21 de maio de 2011

VIOLÊNCIA SEXUAL DENTRO DA CADEIA NO RS

INFERNO 1 - ZERO HORA 20/05/2011

Um novo escândalo envolvendo o sistema prisional gaúcho está por vir à tona.

Pelo menos três detentos de um presídio do Interior romperam a barreira do silêncio e resolveram falar. Eles se dizem vítimas de violência sexual dentro da cadeia. Os abusos não teriam ocorrido nas galerias, mas nos bretes, espaços sob o controle do Estado.

INFERNO 2

A Susepe já foi avisada: se nada for feito para impedir que casos como esses se repitam, o presídio será interditado por quem tem o poder e a obrigação de fazê-lo.

INFERNO - ZERO HORA - 21/05/2011

Tão logo soube dos casos de abuso sexual sofridos por três detentos do presídio de Montenegro, o superintendente da Susepe, Gelson Treiesleben, enviou dois corregedores ao local.

Uma rápida e eficiente investigação confirmou os fatos.

Os crimes ocorreram fora das galerias, em uma área controlada pelo Estado. Teriam sido motivados por vingança contra presidiários que denunciaram irregularidades.

Os servidores públicos envolvidos no escândalo serão afastados das suas funções e responderão a uma sindicância.

OS CASARÕES DE CANOAS

WANDERLEY SOARES - REDE PAMPA, O SUL, PORTO ALEGRE, 21 de maio de 2011.

A tendência dos governos tem sido a de encaixotar infratores, sejam menores, sejam adultos.

A construção de uma casa prisional para jovens de 18 a 24 anos, em Canoas, vai custar 16 milhões de reais. Concluída a obra, serão abertas mais três mil vagas em cinco casas prisionais com capacidade para 500 apenados. Cerca de 15% dessas vagas serão destinadas para o cumprimento de pena em regime semiaberto. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a obra deverá começar no ano que vem e seguirá até 2013. O governo do Estado e Prefeitura de Canoas firmaram, ontem, um protocolo de intenções na presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no Palácio Piratini, na mesma festa de lançamento da campanha de desarmamento no RS. Sigam-me.

Não obstante ser sabido que o sistema penitenciário, nos moldes em que está implantado no País, é assustadoramente fracassado, ninguém poderá negar a necessidade da construção de novas casas prisionais. No entanto, o complexo gigante prometido para Canoas é, desde agora, um enigma. Ele ameaça ser mais um grande depósito de apenados a partir do que hoje não existe nas casas prisionais. Carência de efetivo, de equipamento logístico, de treinamento permanente de agentes e de uma política salarial que dê dignidade e segurança para os profissionais da área e suas famílias são questões que deveriam ser tabuladas e resolvidas bem antes de 2013.

Além disso, os casarões de Canoas deverão receber, pelo prometido, jovens de 18 a 24 anos. Isto significa que para lá irão infratores egressos das unidades da Fase, onde o trabalho de ressocialização deveria ser da mais alta qualidade, o que, sabidamente, não ocorre. E não ocorre não por culpa de seus profissionais, e sim de sucessivos governos que nada mais fizeram do que encaixotar infratores, sejam adolescentes, sejam adultos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

PRESÍDIO EM CANOAS/RS - 5 MESES DE INDEFINIÇÕES E DIVERGÊNCIAS POLÍTICAS

SEM PARCERIA PRIVADA. RS prevê R$ 16 milhões para prisão em Canoas - JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA 20/05/2011

Às vésperas de completar cinco meses de indefinições, o governo do Estado bateu martelo e anuncia hoje a construção do novo presídio de Canoas, num valor de R$ 16 milhões. Antes idealizada pela administração Yeda Crusius por meio de parceria público-privado (PPP), a obra será erguida com recursos públicos, e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) gerenciará a unidade.

Um módulo para cerca de 600 presos em regime fechado e outro com 108 vagas para o semiaberto começará a ser edificado em 2012, podendo o presídio ser ampliado para até 3 mil vagas – como previsto no projeto original – nos anos seguintes, alcançando seis pavilhões.

O Estado pretende bancar os recursos estimados para o obra, mas não descarta pedir ajuda ao governo federal. A unidade pioneira se chamará Estabelecimento Penal Especial. Seguirá padrões estabelecidos pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), contando com equipamentos de atendimento de saúde básica, opções de trabalho e estudo para apenados com idade entre 18 e 24 anos.

– Será um presídio modelar – garante Juarez Pinheiro, secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública.

Mais detalhes da obra serão anunciados a partir das 11h no Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini, durante o lançamento da Campanha do Desarmamento no Rio Grande do Sul, que terá a presença do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

O governador Tarso Genro e o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, assinam um protocolo de parceria, pela qual o município será contemplado com um conjunto de medidas como forma de contrapartida por acolher o presídio, como empreendimentos sociais e vantagens para atrair empresas.

– Essa política conjuga segurança e desenvolvimento. Teremos ganhos importantes – vibra o prefeito Jairo Jorge.

As diferenças

PLANO DE YEDA

- Tamanho: 3 mil vagas
- Administração: Privada
- Custo: R$ 160 milhões. A vencedora da licitação bancaria a obra, cobrando mensalmente do Estado os gastos com os presos

PLANO DE TARSO

- Tamanho: Inicialmente, 680 vagas no fechado e 108 no semiaberto
- Administração: Pública
- Custo: As primeiras duas unidades estão orçadas em R$ 16 milhões, pagas pelo governo do Estado (eventualmente com ajuda federal)

A PROMESSA

- O que: construção de prisão em Canoas, na Região Metropolitana

- Previsão: início em 2012

- Quanto: R$ 16 milhões, inicialmente bancados pelo governo estadual

- Quem promete: Secretaria da Segurança Pública

- Por que é importante: Para combater déficit de mais de 10 mil presos

TORNOZELEIRAS - PREÇOS ALTOS CANCELAM LICITAÇÃO E COMPRA


Preços levam RS a cancelar licitação - HUMBERTO TREZZI, ZERO HORA 20/05/2011

Ainda vai demorar a volta do monitoramento eletrônico de presos no Estado. O governo estadual decidiu cancelar a licitação que previa a compra de mil tornozeleiras acopladas a GPS (sensor de posicionamento por satélite) para vigiar presidiários do regime aberto.

Os preços oferecidos pelas cinco empresas concorrentes foram considerados muito altos pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). A expectativa das autoridades era de um preço em torno de R$ 270 por aparelho. As empresas não baixaram as ofertas de R$ 400 por unidade.

– Vamos fazer quantas licitações forem necessárias, mas esse preço terá de diminuir. É uma questão de zelo. Na China uma tornozeleira custa em torno de US$ 60 (R$ 96) – compara o superintendente da Susepe, Gelson Treiesleben.

Treiesleben garante que será aberta nova licitação até o final deste mês e que ainda este ano deve voltar a existir o monitoramento eletrônico de presos, suspenso desde fevereiro porque o contrato dos equipamentos em uso terminou.

A pretensão da Susepe é adquirir até 4 mil tornozeleiras para presos do regime aberto e, talvez, do semiaberto que têm direito a trabalho externo (fora de albergues).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

ALRS - SUBCOMISSÃO PREOCUPADA COM CONDIÇÕES CARCERÁRIAS

Comissão de Cidadania. Subcomissão da Situação Carcerária apresenta plano de trabalho ao Ministro da Justiça. Cristiane Vianna Amaral - MTB 8685 - 19/5/2011 - 14:34 -

Jeferson, Miriam e Boessio estão preocupados com a situação dos presídios

O relator Jeferson Fernandes e os deputados Álvaro Boessio e Miriam Marroni estiveram reunidos para traçar o plano de trabalho da Subcomissão da Situação Carcerária do Estado. Nesta sexta-feira (20/5) no final da manhã, eles vão apresentá-lo ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A ideia é trabalhar em sintonia com o Ministério e buscar as boas práticas de ressocialização de detentos no Brasil.

A Subcomissão tem como objetivo dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo Mutirão Carcerário, realizado por juízes, promotores e defensores públicos, que mapeou a atuação do crime organizado a partir dos presídios, documentou atos de violência e evidências do uso indiscriminado de drogas. Jeferson também está preocupado com a superlotação e com o percentual de casos de presos que têm direito a benefícios na progressão da pena e não são atendidos.

Os presídios de Santa Rosa, Caxias e Pelotas devem receber a diligência da Subcomissão. O trabalho será realizado em parceria com a Subcomissão contra o Crack, relatada pela deputada Miriam Marroni.

A subcomissão tem o prazo de 120 dias para concluir os trabalhos. O relatório será votado pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

TRATAMENTO DAS DEPENDÊNCIAS PARA APENADOS DO RS

Presídio Central abre ala para dependentes. Em projeto pioneiro no Estado, área terá capacidade para receber até 90 detentos usuários de drogas - ZERO HORA 17/05/2011

Os presidiários dependentes químicos terão a partir desta semana três chances de tratamento, antes de voltarem ao mundo da legalidade. A nova etapa fica no Presídio Central de Porto Alegre, que deve inaugurar até o final da semana uma ala destinada a dependentes de drogas.

A primeira já existe desde 2007 e fica no Hospital Vila Nova, onde passam por desintoxicação, internados durante 21 dias, numa enfermaria com 18 leitos. A terceira etapa de tratamento, após a do Presídio Central, deverá ser no semiaberto.

O Pavilhão E do Presídio Central abriga a nova área que terá capacidade para receber até 90 detentos. Para ali serão encaminhados os que passaram pela desintoxicação na fase hospitalar. Esses presidiários não terão contato com os demais apenados. Ficarão em separado, com tratamento ministrado por uma equipe especializada, composta por psiquiatras e psicólogos.

Ontem uma comitiva composta por promotores, policiais, integrantes do sistema penitenciário e especialistas em drogadição visitou o Central para conhecer as obras do setor destinado aos dependentes de drogas. Falta concluir a pintura e instalar beliches no local, tarefas que devem ficar prontas quinta-feira.

Numa primeira etapa, serão tratados apenas 14 detentos, selecionados dentro de um grupo que ocupa hoje leitos no Hospital Vila Nova, da ala de desintoxicação dos dependentes químicos. Depois, a nova ala do Presídio Central será ocupada gradualmente.

Semiaberto também deve fazer parte de tratamento

A terceira etapa de tratamento será no semiaberto, adianta o chefe da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), Gelson Treiesleben.

– O projeto do Central é pioneiro no Estado. Começaremos com os 14, e vamos expandir, inclusive para o regime semiaberto – relata Treiesleben.

O escolhido é o Albergue Miguel Dario, em Porto Alegre, onde uma ala já está designada. Falta instalar água e luz no local.

Integrante da comissão de Execução Criminal do Ministério Público, encarregada de zelar pelos direitos dos presos, a promotora Cynthia Jappur comemora a abertura da ala no Presídio Central e a promessa da ala no semiaberto. Mas pede mais.

– Queremos locais de tratamento também para os presos do aberto. A questão das drogas se mostra com todo seu rigor no sistema penitenciário. Quanto mais tratarmos, menos problemas a sociedade terá com esses detentos – pondera.

A abertura da ala para tratamento de dependentes químicos não implica em reabertura do Hospital Penitenciário, fechado nos Anos 90, enfatiza a Susepe. É apenas um local de resguardo de doentes.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Parabéns aos idealizadores da idéia. Já estava na hora desta providência se tornar realidade. O crescendo do consumo de drogas em todo o Brasil exige ação de Estado. Uma das medidas essenciais para deter esta epidemia é a construção de Centros de tratamento de Dependências em micro-regiões para receber as pessoas dependentes e prestar assistência e orientação aos familiares. Hoje, diante do descaso do Estado, proliferam iniciativas privadas, muitas sem capacidade e organização, oportunizando fraudes e erros.

domingo, 15 de maio de 2011

VOCÊ CONCORDA COM O XERIFE?


A produção do Domingão ficou curiosa com uma polêmica gerada no Estado do Arizona, nos EUA. O xerife de uma prisão resolveu dar um tratamento bem diferente para os seus presos. Faça chuva ou faça sol, todos eles dormem em acampamentos ao ar livre. Além disso, todos os presidários são obrigados a vestir cuecas cor de rosa.

“O xerife nos EUA é eleito. Ele é um delegado geral, que aprova as leis. Esse xerife já foi eleito cinco vezes”, explicou Ciro Batelli. São dois mil presidiários dormindo em tendas, são presos por mal comportamento e só andam acorrentados. Eles prestam serviços às cidades. Batelli foi junto com os presos a um dos locais de trabalho e chegou a comer o mesmo que os detentos. “O café da manhã é o almoço”, explicou. As penas são de tráfico de drogas, roubo leve. Os guardas revistam minuciosamente os presos antes de voltarem ao ônibus para a penitênciária.

Os detentos vestem roupas cor-de-rosa, inclusive meias e cuecas. O xerife é duro com os detentos e afirma que nenhum deles pode reclamar de viver em tendas: “Se queiserem conforto, voltem a ser cidadãos”, contou Ciro Batelli sobre uma conversa com o delegado.No telão, o xerife deu o seu depoimento:”Algumas pessoas me criticam porque os presos usam cueca rosa. Por que eu daria a eles roupas nas cores que eles gostam?”.

Na mesma penitenciária esteve preso o ex-boxeador Mike Tyson.

REDE GLOBO, PROGRAMA DO FAUSTÃO, ENTREVISTA. 15/05/2011

sábado, 14 de maio de 2011

SISTEMA PRISIONAL É QUASE MEDIEVAL

Sistema prisional é quase medieval, admite ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo citou que cerca de 66 mil presos estão nas carceragens das delegacias de polícia em condições inaceitáveis. Agência Brasil - DIÁRIO DE CANOAS, 13/05/2011

Brasília - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu nesta sexta-feira (13) que o sistema prisional do País está em uma situação quase “medieval”. Um estudo da Anistia Internacional, divulgado na quinta (12), avalia como degradante o sistema penitenciário nacional.

De acordo com a organização, as prisões continuam superlotadas e os detentos sofrem tortura. Para a Anistia Internacional, o tratamento é considerado cruel, desumano e degradante. “Infelizmente, o sistema prisional brasileiro chega a ser praticamente medieval”, disse o ministro, ao ser perguntado sobre o documento da organização.

Cardozo citou que cerca de 66 mil presos estão nas carceragens das delegacias de polícia em condições inaceitáveis. A Anistia Internacional contabiliza que 40% dos presos no País aguardam julgamento. Segundo o ministro, o governo federal tem articulado com os estados planos para a construção emergencial de cadeias. No entanto, afirmou que solucionar os problemas penitenciários exigirá muito esforço e recursos da União e dos governos estaduais.

No documento, a Anistia Internacional ainda crítica o alto índice de violência policial e que ativistas e defensores dos direitos humanos vivem sob constantes ameaças no Brasil e encontram dificuldade em obter proteção do Estado.

Sobre a campanha do desarmamento, que completa uma semana, Cardozo afirmou que o ministério já iniciou o credenciamento das entidades que irão participar do recolhimento das armas, após participar da abertura do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

No Rio de Janeiro, já foram recebidas 240 armas – uma média de 48 por dia, segundo a organização não governamental Viva Rio.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Que os presídios brasileiros são medievais, este blog já vem denunciando desde que foi criado e todo mundo já sabe. Não é novidade. A pergunta que não calar é o que o Ministro, como parlamentar e agora como Ministro, está fazendo para mudar esta situação? De oratória, o povo está cheio e os agentes prisionais e apenados nem querem ouvir.

Enquanto isto, segue o baile brasil com o Poder Judiciário soltando presos para não se indispor com o Poder Executivo que demonstra descaso com a justiça, se omite em construir presídios, não cumpre a constituição e continua praticando violações de direitos humanos de forma impune e transparente.

MIL TORNOZELEIRAS

RS divulga vencedora de licitação na segunda - EDUARDO MATOS | RÁDIO GAÚCHA, zero hora 14/05/2011

A empresa que fornecerá mil tornozeleiras eletrônicas para o monitoramento de presos do Estado foi definida na tarde desta sexta-feira. Porém, a Superitendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) preferiu não divulgar o nome da vencedora da licitação, sob justificativa de que a documentação precisa ser apresentada até segunda-feira e ainda há prazo para contestações.

A licitação foi realizada por meio de pregão eletrônico. Seis empresas haviam se habilitado. O contrato anterior da fornecedora dos dispositivos havia se encerrado em fevereiro, interrompendo o monitoramento eletrônico. Ainda neste semestre, a empresa deverá fornecer cerca de 400 tornozeleiras. Outras 600 serão entregues até o fim do ano. A licitação ainda prevê mil a cada ano até completar 4 mil unidades. Cada equipamento deve custar entre R$ 300 e R$ 400.

Após o contrato firmado, a Susepe realizará encontro com Judiciário e Ministério Público para definir quais os presos que poderão usar as tornozeleiras e de que forma elas serão utilizadas. O Rio Grande do Sul tem mais de 1,4 mil apenados do regime aberto e 6,3 mil do semiaberto.

No ano passado, foi firmado um contrato emergencial com empresa que forneceu os equipamentos. Cerca de 260 detentos do regime aberto foram monitorados. O contrato terminou em fevereiro deste ano, e a Susepe considerou positivo o monitoramento eletrônico. Nenhum preso tentou romper o equipamento, no entanto, há casos de crimes praticados com o uso do equipamento.

Detento vendia crack usando a tornozeleira

No início desta semana, imagens gravadas pelo Ministério Público (MP) e divulgadas em Zero Hora mostraram que o monitoramento eletrônico de presos fora de albergues não é suficiente para conter a criminalidade. Ao investigar traficantes em boca de fumo no Vale do Sinos, uma equipe de policiais que trabalha com o MP deparou com uma situação inusitada: um jovem detento do regime aberto, usando tornozeleira, vendendo crack, em São Leopoldo. O flagrante ocorreu em fevereiro.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Falta organizar a estrutura de monitoramento, apoio e penalização, pois, sem isto, é desperdício de dinheiro público e de confiança no sistema.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

APENADO É EXECUTADO EM AVENIDA MOVIMENTADA


Apenado é executado em uma das avenidas mais movimentadas de Santa Maria
- CORREIO DO POVO, 13/05/2011.

Rafael Rodrigues Cabral foi atingido por dois tiros na cabeça por volta das 14h.

Um homem foi executado com dois tiros na cabeça, por volta das 14h desta sexta-feira, em uma das avenidas mais movimentadas de Santa Maria, na região central do Estado. Conforme relato de populares, o atirador desceu de um veiculo Fiat Palio e disparou contra a vítima, identificada como Rafael Rodrigues Cabral, 26 anos.

Rafael tinha diversas passagens pela polícia por assalto a estabelecimento comercial e a pedestres e estava atualmente cumprindo pena no regime semiaberto do Presidio Regional de Santa Maria.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Como é que pode um apenado com várias passagens pela polícia por assalto estar beneficiado pelo semiaberto. Não é a toa que impunidade e justiçamento são unidos por laços de omissão.

ESTA NOTÍCIA ABAIXO É NA MESMA CIDADE.

Agentes descobrem túnel no Presídio de Santa Maria. Perfuração estava em fase inicial de construção, na cela 12 da galeria C - CORREIO DO POVO.

Agentes penitenciários descobriram um túnel sob o sanitário da cela 12 da galeria C do Presídio Regional de Santa Maria. A partir de informações da assessoria de inteligência da 2ª Delegacia Penitenciária Regional (DPR), 15 agentes, com o apoio da Brigada Militar, realizaram buscas na galeria nessa quinta. Segundo o delegado da 2ª DPR, Rogério Mangini, o túnel, em fase inicial de construção, tinha 30 cm de circunferência e cerca de 50 cm de profundidade. A perfuração estava coberta com colchões. A cela abrigava dois presos.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

CURSOS NECESSÁRIOS E CURSOS SEM FINALIDADE

Indignação - WANDERLEY SOARES, REDE PAMPA, O SUL, 11/05/2011

A ESP (Escola dos Serviços Penitenciários) firmou convênio com a Escola da Assembleia Legislativa visando à realização de cursos para funcionários da Susepe e do Legislativo.

No primeiro curso, instrutores da ESP ministraram aulas teóricas de tiros para servidores da área da segurança da Assembleia.

Até aí, nada de mais.

O que causa indignação é que a Susepe não oferece cursos periódicos para os agentes penitenciários que trabalham diretamente com os presos, não faz reciclagem de servidores.

Simplesmente fecha os olhos para problemas internos, que são muitos, e perde tempo e dinheiro em cursos que não têm razão de existir, não têm nada a ver com a atividade-fim com a qual os servidores convivem diariamente.

JUSTIÇA CONDENA ANTIGA FEBEM POR TORTURA

Justiça condena antiga Febem por tortura no interior de SP - VENCESLAU BORLINA FILHO DE RIBEIRÃO PRETO, FOLHA ONLINE, 12/05/2011

Acusações de prática de tortura contra adolescentes infratores de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) levaram a Justiça a condenar a Fundação Casa (antiga Febem) e o Estado de São Paulo a pagar R$ 272,5 mil por danos morais difusos.

Segundo decisão do Tribunal de Justiça do Estado, o dinheiro terá de ser revertido ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e aplicado em ações socioeducativas.

A Fundação Casa não comentou a condenação, mas afirmou que já recorreu da decisão do tribunal.

As acusações foram feitas pelo Ministério Público com base em denúncias de agressões cometidas contra internos entre julho e agosto de 2003, sempre depois de rebeliões dos adolescentes.

Os depoimentos colhidos citam sessões de tortura e situações vexatórias.

Num dos casos registrados na unidade de internação Ribeirão Preto, os adolescentes tinham de passar por um corredor formado por policiais militares, que os agrediam com tapas, socos, pontapés e golpes de cassetete.

AGREDIDOS NUS

Já na unidade de internação Rio Pardo, os relatos eram de que os menores eram agredidos nus.

As sessões de violência eram promovidas por policiais da tropa identificada como "choquinho" ou por funcionários da própria Febem.

O promotor da Infância e Juventude à época, Marcelo Pedroso Goulart, afirmou que a política adotada no período para controle dos adolescentes era a tortura.

"Com essa decisão, esperamos que situações como essa não se repitam", afirmou Goulart.

MÃES UNIDAS

Na época, as unidades de internação de Ribeirão registraram dezenas de rebeliões que, segundo o promotor, resultaram de acordos não cumpridos por parte da direção da atual Fundação Casa, como liberação de menores.

A manicure Ana Aparecida da Silva, 50, era uma das mães que tinham filhos recolhidos no local. Ela conta que até hoje seu filho, com 26 anos, tem marcas das violências sofridas no local.

"Ele ficou uma pessoa muito revoltada", afirma a manicure.

"Na época, todas as mães se uniram para evitar que novas rebeliões ocorressem porque, sempre depois do motim, vinha a tropa de choque e batia nos nossos filhos", afirmou.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) participou das ações de mobilização das mães dos internos.

NOVA REBELIÃO

Na semana passada, a unidade Ribeirão Preto da Fundação Casa voltou a registrar rebelião. Três funcionários ficaram feridos. Houve denúncia de agressão contra menores e a instituição afastou os funcionários denunciados. Uma sindicância investiga o caso.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É atitude coativa da justiça, porém quem vai pagar o R$272,5 mil por danos morais difusos? Se é o Estado que vai pagar, significa que o custo da tortura será do povo paulista com seus impostos, ou não? Os autores e co-autores da tortura condenada pela justiça é que deveriam pagar esta indenização e não o Estado com dinheiro do povo. É tão fácil tirar dinheiro do povo para pagar indenizações de erros cometidos por agentes públicos. Este é um tipo de condenação que não consigo entender.

DESMANDO - FUGITIVO IMPÕE CONDIÇÕES À JUSTIÇA PARA SE APRESENTAR

Justiça quer recolocar Papagaio no regime fechado. Advogada revelou que, nestas condições, ele não deve se apresentar - Rádio Guaíba, CORREIO DO POVO, 11/05/2011

Foragido do Albergue de Montenegro desde a metade de abril, o ex-assaltante de bancos Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, não deve se apresentar de maneira espontânea à Justiça gaúcha. Segundo a advogada Maria Helena Viegas, a juíza Traudi Beatriz Grabin, da Vara de Execuções Criminais de Novo Hamburgo, negou o pedido da defesa para que Papagaio se apresente e aguarde a audiência em uma instituição do regime semiaberto, na Capital. A magistrada quer que o apenado vá para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e aguarde, em regime fechado, o processo que vai definir se ele pode ou não voltar a trabalhar e cumprir a pena no semiaberto. O Ministério Público de Novo Hamburgo já havia se manifestado contra a volta do detento ao semiaberto.

A advogada de defesa sustenta que a família de Papagaio já foi comunicada e que, sob estas condições, ele não pretende se apresentar. Maria Helena Viegas confirmou que o detento teme voltar à Pasc, de onde fugiu em 1999. Ela ainda espera sensibilizar a magistrada a mudar de ideia e aceitar o pedido.

Conforme a juiza, depois de mais uma fuga, não há motivos para que Papagaio volte para o regime semiaberto. Condenado a 36 anos e 11 meses de prisão por assaltos a banco, Cláudio Adriano Ribeiro já escapou seis vezes do sistema penitenciário gaúcho. Antes disso ele já havia fugido de um hospital, em Santa Catarina, depois de ser algemado em uma cama e baleado em um assalto.

terça-feira, 10 de maio de 2011

DESCASO - TORNOZELEIRA NÃO IMPEDE APENADO DE TRAFICAR

DESLEIXO COM A JUSTIÇA. Apenado com tornozeleira vendia crack a céu aberto. Imagens do MP gravadas em período de testes mostram traficante agindo alheio ao monitoramento - JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA 10/05/2011

Imagens gravadas pelo Ministério Público (MP) mostram que o monitoramento eletrônico de presos fora de albergues não é suficiente para conter a criminalidade. Ao investigar a ação de traficantes diante de uma boca de fumo no Vale do Sinos, uma equipe de policiais que trabalha com o MP deparou com uma situação inusitada: um jovem detento do regime aberto, usando tornozeleira, vendendo crack, despreocupadamente, no meio de uma rua de São Leopoldo.

Usando a camiseta enrolada sobre o ombro, boné, chinelo e bermuda, com a tornozeleira à mostra para qualquer um ver, o rapaz caminha de um lado para o outro em frente a um ponto de drogas. Ao se aproximar um usuário, ele acerta o pagamento, pega uma porção de crack com um comparsa em um carro com as portas abertas e entrega ao comprador. Tudo isso à luz do dia, diante de crianças.

O episódio foi flagrado por volta das 16h de 11 de fevereiro. Cumprindo pena por assalto em regime aberto, o apenado de 24 anos (o nome não foi revelado pelo MP) usava tornozeleira desde janeiro em caráter experimental. Dias depois o apenado voltou a ser preso, mas fugiu em 30 de abril e segue foragido. Pelo menos quatro apenados se envolveram em ocorrências usando tornozeleiras: dois por tráfico, uma fuga e uma tentativa de assalto.

– Este é um exemplo que o sistema é falível – lamenta o promotor Eduardo Coral Viegas, da Promotoria Criminal de São Leopoldo, que coordenou uma cruzada contra as drogas na cidade, resultando na prisão de 21 traficantes e a apreensão de 18 quilos de cocaína no mês passado.

Viegas considera a tornozeleira um excelente método de controle de apenados somente para aqueles com direito legal de trabalho externo ou saídas temporárias.

– Mas só o equipamento não vai resolver. É preciso fiscalização humana para conferir se, de fato, o apenado está trabalhando. Ele pode ter informado esse ponto de droga como uma oficina mecânica, uma lavagem de carros, uma padaria – ressalta.

A divulgação das imagens coincidem com o momento em que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) está lançando um edital para adquirir, por meio de locação, até 4 mil tornozeleiras nos próximos quatro anos. A Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre já se manifestou favorável ao uso do equipamento em presos do semiaberto durante saídas do albergue autorizadas pela Justiça.

De acordo com a Susepe, a fiscalização de apenados nas ruas com tornozeleiras será reforçada, podendo ocorrer em parceria com a Brigada Militar.

Policiais filmaram as atividades de uma boca de fumo em São Leopoldo quando depararam com a cena inusitada. O uso da tornozeleira de monitoramento em nada constrange uma negociação de drogas a céu aberto, flagrada nas imagens.

Confira o vídeo completo em www.zerohora.com.

Em frente a uma boca de fumo na periferia de São Leopoldo, no Vale do Sinos, um apenado do regime aberto negocia pedras de crack com um comprador. Depois de pagar e receber a droga, que estava dentro de um carro com as portas abertas, o usuário pega o troco e deixa o local, guardando o dinheiro no bolso da bermuda. Após a venda, o apenado caminha pelo meio da rua. De bermuda, ele exibe despreocupadamente a tornozeleira para monitoramento eletrônico na perna direita. Dias depois ele foi preso, mas está foragido desde 30 de abril.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Já comentei antes. De que adianta pagar um alto custo por esta tecnologia se não existe curta limitação de espaço, estrutura judicial de controle, estrutura policial para fiscalizar e pena coativa para o quem desobedecer as normas? Uma coisa é o papel, e a outra a prática.
E nisso somos amadores.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

SEGURANÇA MÁXIMA SÓ NO NOME

Teledomingo - Exclusivo: nossa equipe entrou na única cadeia de segurança máxima do Rio Grande do Sul, 8/5/2011

O programa revela as falhas e os problemas que envolvem uma penitenciária que deveria ser de alta segurança.

- Detectores de metais estragados e imprecisos;
- Farra de Celulares;
- Monitoramento falho - inúmeras câmaras não funcionam;
- Torres de vigilância sem guarda;
- Ratos a céu aberto;
- Antenas para captar sinais de tv;
- Áreas abandonadas;
- Consultórios médico, odontológico e ambulatório desativados
- Problema de Saúde depende de transporte e retirada do preso da cadeia;
- Segurança máxima só no nome.

SEMIABERTO SEM TORNOZELEIRA

CONTROLE AMEAÇADO. Tornozeleira no semiaberto pode esbarrar na Justiça. Juiz diz que não pretende autorizar que apenados desse regime cumpram pena em prisão domiciliar - JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA 09/05/2011

Se a proposta da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) de monitorar até 4 mil presos por meio de tornozeleiras visa a esvaziar albergues para abrir vagas no regime semiaberto, o plano pode ser abortado pela Justiça. Isso porque a Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre não pretende autorizar que apenados do semiaberto fiquem em casa, cumprindo pena em prisão domiciliar.

– Somos favoráveis ao controle. Mas o apenado do semiaberto continuará no albergue – assegura o juiz Sidinei Brzuska, fiscal dos presídios do complexo Porto Alegre-Charqueadas, onde estão abrigados 2 mil dos cerca de 6 mil presos do semiaberto no Estado.

Na área de competência da VEC de Porto Alegre só detentos do regime aberto – que estão na última fase do cumprimento da pena – são liberados para prisão domiciliar por causa da escassez de vagas nos albergues. Atualmente, todos estão em casa.

No ano passado, cerca de 200 presos do aberto, selecionados pela VEC, começaram a usar tornozeleiras em caráter experimental que se encerrou em fevereiro. Mesmo escolhidos a dedo, pelo menos quatro se envolveram em anormalidades – duas prisões por tráfico, uma fuga e uma tentativa de assalto. Apesar disso, a medida foi aprovada.

Brzuska diz que as tornozeleiras eletrônicas podem ajudar a vigiar presos do semiaberto na Colônia Penal Agrícola (CPA), onde cerca de 250 presos circulam por 600 hectares de matas e campos, podendo fugir com facilidade em razão da fragilidade da vigilância humana.

As tornozeleiras também serão úteis, lembra o magistrado, para restabelecer a ordem nos institutos penais Escola Profissionalizante, de Viamão e de Mariante.

– Essas casas não estão sob o controle do Estado. Basta lembrar o assassinato de um apenado com um tiro na cabeça, semana passada em Mariante – acrescenta Brzuska.

Edital lançado prevê um contrato por quatro anos

O monitoramento eletrônico de apenados está previsto para começar, de forma permanente, até o final de 2011. Na semana passada, a Susepe lançou edital para contratação do serviço por quatro anos, com a locação de mil tornozeleiras nos primeiros 12 meses, 2 mil no segundo ano, 3 mil no seguinte e 4 mil no último ano.

O aluguel de cada tornozeleira deve custar entre R$ 300 e R$ 400 mensais, cerca de R$ 200 a menos do que um apenado nos albergues. Até o dia 13, as empresas interessadas deverão se habilitar para a licitação por meio de pregão eletrônico. A vencedora terá de se submeter a uma fase de testes, por seis meses, quando serão utilizadas 400 tornozeleiras.

O superintendente da Susepe, Gelson dos Santos Treiesleben, garante que o uso de tornozeleiras será feita em comum acordo com o Judiciário.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A obrigação com o apenado é exclusiva do Judiciário, cabendo ao Executivo apenas a guarda e a custódia. A determinação do uso da tornozeleira para apenados é do juiz, somente dele, assim como deve ser a imposição da pena, o controle do cumprimento da pena, as trocas de regime, a concessão de benefícios e a soltura.

domingo, 8 de maio de 2011

ELAS TÊM FILHOS ATRÁS DE GRADES. E O MESMO AMOR.


Três mães de internos da Fundação Casa (ex-Febem) falam de sua luta pela recuperação dos filhos e da batalha para que eles deixem o crime e escapem do preconceito. 08 de maio de 2011 - William Cardoso - O Estado de S.Paulo

Camas arrumadas, silêncio na cozinha e um sentimento de vazio por toda a casa devem marcar o Dia das Mães de três mulheres que têm os filhos na Unidade 1 da Fundação Casa, a antiga Febem, em Itaquaquecetuba, Região Metropolitana de São Paulo. Tráfico de drogas, assalto e sequestro afastaram os adolescentes infratores das famílias, mas não do amor materno. Elas mostram o rosto para quebrar o preconceito em relação aos filhos, na esperança de que eles se recuperem e um dia voltem a ser motivo de orgulho.

A doméstica Alessandra Mendonça, de 33 anos, pensava que o filho, hoje com 14 anos, estava na escola, quando foi detido por envolvimento em um assalto, há oito meses, em Guarulhos. "Ele disse que eu fui a primeira pessoa em quem pensou quando a polícia o pegou. Eu dei conselhos, não faltou educação. Ele agiu por impulso", diz.

Nas quatro ou cinco visitas que faz por mês, Alessandra aproveita para orientar o filho e diz confiar nele. "Ele sente falta de carinho e diz isso quando o encontro aqui. Vou dobrar a atenção sobre o comportamento dele quando ele voltar para casa. O amor ficou maior ainda, até pelo sofrimento. Em casa, vou fazer as camas dos outros e a dele não precisa, porque já está arrumada. Isso é triste. No fundo, eu me sinto um pouco presa com ele."

Bicicleta. "Sou a mãe, não a avó. Ele está comigo desde os 4 anos e é tratado pelos meus filhos como se fosse mais um irmão. A minha ex-nora mora na França e o viu apenas uma vez nos últimos oito anos", diz a doméstica Copertina Fátima Gomes, de 64 anos. Ela assume uma maternidade que não é biológica, mas do coração. E sofre pelo adolescente de 13 anos que a decepcionou quando participou de um sequestro com um maior de idade.

Roupa, comida, educação e carinho. Copertina diz que não faltou quase nada ao neto, criado como filho em sua casa. "Mas ele queria uma bicicleta, um videogame. Quando ela (a ex-nora) veio visitá-lo, prometeu comprar tudo isso. Foi embora sem dar nada. Ele caiu no choro ao chegar em casa e se jogou na cama. Também criou uma revolta muito grande. Acho que foi isso que atrapalhou tudo", afirma.

Durante o sequestro que o levou à Fundação Casa, o adolescente criado por Copertina estava com um jovem de 24 anos. Segundo a avó, transformada em mãe, o maior de idade teria ameaçado o adolescente de morte caso não participasse do esquema. Evangélica, ela acredita que as orações das colegas de igreja vão desviar o menino do caminho do crime, quando ele voltar para casa e para as ruas de Itaquaquecetuba.

Pão de queijo. Durante o encontro na unidade da Fundação Casa de Itaquaquecetuba, na quarta-feira, a ialorixá (mãe de santo) Carla Ferreira da Cruz, de 36 anos, chorou quando o filho entrou na sala onde conversava com o Estado carregando uma bandeja com pedaços de uma torta feita por ele mesmo, para servir de lanche às visitas no meio da tarde.

O reencontro emocionado não lembrou em nada o momento em que viu o filho detido por tráfico de drogas, há oito meses, quando tinha 17 anos. "Na delegacia, ele não me olhava na cara. No começo, eu tinha vergonha por ser honesta e vê-lo naquela situação. Senti uma revolta comigo mesma, fiquei deprimida, por sempre ajudar outras pessoas e não conseguir fazer isso pelo meu próprio filho", afirma.

Depois de muitas brigas, o filho de Carla foi morar em um cômodo na casa da avó, juntamente com a namorada. Segundo a mãe, foi a moça quem aproximou o filho das drogas e o fez perder a cabeça. "Ele mudou completamente, não se importava mais com a família. Eu pensava até que ele já havia se perdido para sempre. Dois meses depois de sair de casa, a polícia apareceu dizendo que ele havia sido detido por tráfico", afirma.

Carla diz que sempre supriu as necessidades do filho. "Dei de tudo para ele, justamente para que não sentisse necessidade de buscar coisas na rua, com más companhias, e fizesse algo errado", afirma.

Apesar das visitas, a saudade de Carla é grande e ela diz que não vê a hora de voltar a ver a "comilança" na cozinha de casa. "Ele gosta de batata frita, ovo e pão de queijo, que até deixei de comprar durante um tempo, depois que ele veio para cá, porque me lembrava dele na hora", afirma. Além dela, o filho mais novo, de 10 anos, também se emociona quando lembra do irmão.

Sobre a punição ao filho, Carla é taxativa ao dizer que todo mundo que comete falhas deve pagar por elas. "Se ele errou, tem de responder por isso."

A ialorixá também diz que os dois assumiram o compromisso de nunca mais esconder a verdade um do outro - e ela acredita que o acordo será cumprido. "Eu sempre lutei contra o preconceito. Mostro o rosto agora para que ele saiba que não tenho mais vergonha nenhuma dele", diz.

O sentimento de Carla é compartilhado pelas outras duas mães na sala da Fundação. Todas fazem questão de posar ao lado dos filhos, quando convidadas a encontrá-los no pátio da unidade de Itaquaquecetuba. "Senti que agora era o momento de dar ainda mais apoio. Quando ele sair daqui, será como se tivesse nascido de novo. Não vejo a hora de que isso aconteça", afirma Alessandra.

sábado, 7 de maio de 2011

PRIVATIZAÇÃO PENITENCIÁRIA: LEGALIZAÇÃO E CONVENIÊNCIA

João Lopes, Delegado de Polícia – Mestre em Administração Pública/FJP – Especialista em Criminologia, Direito Penal e Processual Penal – Professor do Centro Universitário Metodista de Minas – Defensor Dativo/TJD - JUS NAVEGANDI, 01/2011

Qualquer estudo atual sobre o Sistema de Justiça Criminal ou sobre Segurança Pública, para usar expressão mais comum, tem passagem obrigatória pelo Sistema Penitenciário, apontado em qualquer diagnóstico como um dos pontos vulneráveis que fragilizam ou inviabilizam a aplicação do jus puniendi estatal. De fato, se tornam inócuos o trabalho da Polícia, do Ministério Público e da Justiça se as pessoas que são investigadas, acusadas, processadas e condenadas não podem, efetivamente, ser presas por falta de local para seu acautelamento ou, se esse lugar existe, não tem as condições mínimas de dignidade necessárias para ressocialização do apenado. A pena deixa de ser executada ou o é de maneira inconveniente, incoerentemente com os comezinhos princípios da prevenção especial, restando-lhe apenas e exclusivamente o seu caráter retributivo.

É patente a necessidade de mudança, não se podendo mais fechar os olhos à dantesca realidade carcerária que chega às raias da ilegalidade e inconstitucionalidade, posto que a Magna Carta, em seu artigo 1º, inciso III, garante a Dignidade da Pessoa Humana e, se não o fizesse, a Moral o faria. A Lei de Execução Penal estabelece todos os contornos de um Sistema Penal eficiente em linhas teóricas que a Administração Pública não tem conseguido transferir para o plano material. A humanização tem que fazer parte da aplicação da pena para que, punido o delito, o desejo de reincidir venha a ser exaurido com o tratamento ressocializador do sentenciado. Na realidade atual a punição do deliquente tem servido unicamente para fazer nele crescer sentimento de revolta, de frustração, de embrutecimento de potencialização de sua capacidade delitiva, garantindo de forma inexorável, no seu retorno à sociedade, a reincidência múltipla e cruel, desconfigurando, completamente, a função preventiva da pena.

Nos dicionários, a pena é definida como retribuição imposta pelo Estado ao contraventor ou delinqüente por infração cometida. Suas funções variam de conformidade com o papel desempenhado pelo Estado na estrutura social. Criada, nos primórdios da civilização, como simples Vingança Pública ou Vingança Social, seu foco foi modificado, no século XVIII, com movimentos pela humanização na administração da Justiça, tendo como expoente, entre outros, o pensamento do Marquês de Beccaria [01]. Ao invés de apenas retribuição, a pena deveria obrigatoriamente ter função preventiva, onde se inclui o tratamento para recuperação do punido.

Passados quase que trezentos anos das idéias iluministas de Beccaria, ainda se vê, infelizmente, um modelo carcerário arcaico, com superlotação dos presídios, falta de investimento na educação do detento, de sua profissionalização, de funcionários especializados, de assistência ao egresso, corrupção, ausência de separação dos internos por grau de periculosidade, rebeliões, precariedade das instalações, fugas recorrentes e, muito freqüentemente, estabelecimentos prisionais sob administração da própria Polícia, numa inversão ilegal da lógica de que quem prende e investiga não deve acautelar.

Dados do Ministério da Justiça [02] apontam déficit de mais de 70 mil vagas e que quase 40% dos detentos são provisórios, ou seja, não receberam condenação definitiva e podem ser inocentados após julgamento de última instância. A Lei de Execuções Penais [03] e o próprio Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária estabelecem que os presos devem ser alojados de modo individual e que os provisórios devem ser mantidos em locais distintos dos condenados. Essas regras mínimas não são obedecidas reforçando, no Brasil, um sistema carcerário defasado e falido. Acresça-se a esse ambiente a falta de higiene, de leitos, alimentação precária, ausência de serviço médico, consumo de drogas, abusos sexuais, condições propícias à violência de todo gênero, inexistência de perspectiva de reintegração e de política ampla e inteligente para o setor, numa privação dos meios primários constitucionalmente garantidos à Dignidade da Pessoa Humana.

Esse trágico contexto é que sugere a privatização do sistema penitenciário. Adotado, hodiernamente, em diversos países, tal modelo enseja polêmica na seara jurídica, pois que conclama a iniciativa privada a cooperar com o Estado na incumbência da execução penal.

Entre as várias modalidades de privatização [04] se acha a que nos interessa sobremaneira, chamada de Terceirização. Seu conceito administrativo [05] advém da idéia de que terceira pessoa, em princípio estranha, seja admitida, sob forma de co-gestão, em determinado processo de competência estatal. Nesse modelo o Estado poderia contratar, através de licitação [06], empresa privada para gerenciamento do presídio, impondo, nessa atividade características gerenciais próprias, inclusive podendo se utilizar da mão de obra do encarcerado para as funções do chamado presídio indústria – onde há ganhos para a empresa e para o recluso -, recebendo do Estado o preço estipulado em contrato. A idéia é de que o setor privado eliminaria a burocracia pública e reduziria os custos da atividade, desonerando a Administração Pública e o contribuinte. Haveria um trabalho de co-gestão, ficando a chamada hotelaria por conta da empresa concessionária, ao Estado incumbindo a tarefa da fiscalização.

Pode parecer, inicialmente, que a Empresa Privada não alimenta interesse no combate à criminalidade, objetivo teórico da administração penitenciária, vez que pode auferir lucro da existência da própria criminalidade. Também que o domínio sobre o indivíduo faz parte da natureza da pena e que somente ao Estado será moralmente lícito obter receita do mesmo. O princípio ético está insculpido nas Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos, da ONU [07]. Porém não deve ser considerado, in casu, de forma absoluta porque a própria LEP, em benefício exclusivo do próprio interno, prevê a remissão da pena, redução do tempo a ser cumprido em relação ao de trabalho efetivado, como também o contexto pode ensejar a dita laborterapia, consistente na recuperação da pessoa através da dedicação ao trabalho lícito e remunerado.

Se no ambiente capitalista a Iniciativa Privada administra bem o seu dinheiro, por força contratual viria a gerenciar o seu e o interesse estatal na mesma empreitada. O preso não ficaria em perversa ociosidade, mas ocuparia o seu tempo livre em trabalho que lhe seria educativo e rentável financeiramente.

Mais um obstáculo à terceirização se coloca em decorrência de que a execução penal é atividade jurisdicional, sendo esta indelegável, de exercício exclusivo do Estado. Este é o maior óbice político à privatização ou à terceirização carcerária, considerado o uso legítimo da força como prerrogativa estatal correr-se-ia o risco de relativizar a soberania do Estado. Há que se ver, entretanto, que as chamadas APACs – Associação de Proteção e Assistência ao Condenado – são Organizações Não Governamentais que gerenciam, com a aprovação dos poderes constituídos, um já grande número de presídios em todo o Brasil, estando a se afigurar como uma das prováveis soluções para o sistema penitenciário, no seu formato e doutrina próprios. Ainda, D’URSO [08] assevera que não se está transferindo função jurisdicional para o particular, mas tão somente a responsabilidade pela comida, limpeza, vestuário, hotelaria, enfim função material da execução da pena, permanecendo com o Estado o poder de dizer quem será preso, por quanto tempo e qual a forma de punição. Fica certo, assim, que da mesma forma que é permitida a delegação, através de licitação, para construção de obra pública, também as atividades administrativas extrajurisdicionais poderiam ser repassadas a empresas privadas sem prejuízo nem relativização do jus puniendi estatal.

Já existem, no Brasil, exemplos pioneiros do que aqui se defende, tratando-se de parceria entre a Segurança Pública e a Segurança Privada, na qual o presídio é administrado pelo Governo Estadual, com serviços de segurança interna, assistência médica, psicológica, jurídica e social prestados por empresa particular. Só no Estado do Paraná existem quatro dessa espécie: Casa de Custódia de Curitiba, Casa de Custódia de Londrina, Presídio Estadual de Piraquara e Presídio Estadual de Foz do Iguaçu [09].

Por essa razão o Paraná figura como o Estado onde há maior número de encarcerados desempenhando alguma atividade laborativa. Lá, 72 % dos presos trabalham, sendo que o benefício para eles é evidente, posto que para cada três dias de trabalho, um é reduzido no tempo da pena e a remuneração pode chegar a 75% do salário mínimo, tudo em conformidade com o que dispõe a LEP. A Casa de Custódia de Curitiba possui sistema de segurança exemplar, com painéis eletrônicos de controle automatizado. A segurança externa é feita por empresa terceirizada e a interna por agentes de disciplina, contando com portões eletrônicos, monitoramento com câmeras de vídeo, alarmes sonoros, detectores, fixos e móveis, de metais, rádiotransceptores etc [10].

A Penitenciária de Londrina trata-se de estabelecimento para cumprimento de pena em regime fechado, de segurança máxima, com capacidade para 504 internos. Só a segurança externa é feita pela Polícia Militar. Possui sofisticado sistema eletrônico de segurança, mas investe na reintegração do preso, zela pelo seu bem-estar através da profissionalização e educação, assistência jurídica, psicológica, social, médica, odontológica, religiosa e material, além da assistência social aos familiares do recluso. Investe na área cultural e atividades artísticas como teatro e música, estimulando a criatividade.

A Penitenciária de Piraquara, também de segurança máxima, tem capacidade para 543 presos. Possui além de requisitos modernos de vigilância, área para cultivo de horta numa área de 7.500m2 e canteiros de trabalho. Tem blocos exclusivos para visitas de familiares, visitas íntimas, espaço exclusivo para banho de sol, quadras poliesportivas. No quadro funcional constam agentes de disciplina, advogados, médicos, dentistas, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, pedagogos, técnicos em enfermagem e farmácia. Todo o corpo funcional como os familiares dos presos são submetidos a sofisticado sistema de identificação ótica que registra dados pessoais, impressões digitais e imagem de cada pessoa. A administração é levada a efeito pela empresa de segurança Montesinos, de Santa Catarina.

Ainda no Paraná tem-se belo exemplo de presídio indústria: Guarapuava. Destinada a presos em regime fechado, comporta 240 internos. Seu funcionamento está assentado no tripé formado pelo Estado, a quem compete a administração e a custódia do preso; pela empresa contratada, responsável pela operacionalização da Unidade e pela iniciativa privada – fábrica de sofás e fábrica de palitos– responsável pela disponibilização do trabalho para os sentenciados.

Por fim registre-se que a realidade carcerária brasileira é, no mínimo, preocupante. Superlotação, falta de estrutura básica e de tratamento digno para o interno. Os presídios perdem sua função de ressocializar e assumem a postura nefasta de se constituírem em "Faculdade do Crime", com a pedagogia da revolta, da desilusão e do desespero de quem, ao se ver fisicamente liberto, continuará manietado pelos grilhões da violência, da exclusão social, intelectual e do apego ao triste passado de exclusivas perdas.

Diante deste cenário, torna-se forçoso advogar em favor da Terceirização dos Serviços Carcerários como proposta de enfrentamento da indiscutível crise do sistema. Há consciência de que a modificação não se poderá implementar de forma simples nem com modestos remendos. Mas a necessidade de mudança é pacífica e este tímido estudo pretende, tão somente, mostrar trilhas que podem ser percorridas no campo jurídico ou mesmo no plano administrativo de experiências inovadoras já em curso no país. É preciso, para isso, vontade política com a consciência de que os gastos com a rede prisional são, além de compromisso humanitário com a dignidade da pessoa presa, investimentos estratégicos na prevenção criminal.

Notas

BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas- Martin Claret – SP- 2000.
www.mj.gov.br - acesso em 10 mar 2006
Lei nº 7210/84
Maurício Kuene relaciona 04 espécies: administração total pela empresa privada; construção do presídio pela empresa privada; utilização do trabalho dos presos pela empresa privada(prisão indústria) e terceirização- in www.cjf.gov.br, acesso em 13 jun 2006.
Dicionário Jurídico – Academia Brasileira de Letras Jurídicas/JM Othon Sidou – 7ª edição – Forense-RJ
Código de Licitação – Lei nº 8.666/93
I Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Tratamento de Delinqüentes – Genebra/1.955
D’URSO, Luis Flávio Borges. Privatização de Presídios...
Disponível em www.mj.gov.br/depen - acesso em 14 jun 2006
Todos os dados extraídos do site do Ministério da Justiça/Departamento Penitenciário Nacional.